quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

3x4 - Curtas no. 1 em Juazeiro e Sousa no ano de 2008


Fruto do processo de seleção para programação regular dos Centro Culturais do Banco do Nordeste, em 2008, estaremos realizando temporada de "3x4 - Curtas no. 1", espetáculo que reúne nossas produções de 2007: Confissões entre Paredes (na foto acima), As Rosas e Para Sempre Fiel, nas cidades de Juazeiro do Norte, no Ceará, e Sousa, na Paraíba. Êta, coisa boa! E, logo, logo, vem aí: "Aniversário de Casamento". Um 2008 de muitas realizações e muita, muita merda!

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Algumas reflexões sobre teatro...

"Não há nada mais fútil, mais falso, mais vão, nada mais necessário que o teatro." Louis Jouvet
"Nunca acreditei em verdades únicas. Nem nas minhas, nem nas dos outros. Acredito que todas as escolas, todas as teorias podem ser úteis em algum lugar, num dado momento. Mas descobri que é impossível viver sem uma apaixonada e absoluta identificação com um ponto de vista. No entanto, à medida que o tempo passa, e nós mudamos, e o mundo se modifica, os alvos variam e o ponto de vista se desloca. Num retrospecto de muitos anos de ensaios publicados e idéias proferidas em vários lugares, em tantas ocasiões diferentes, uma coisa me impressiona por sua consistência. Para que um ponto de vista seja útil, temos que assumi-lo totalmente e defendê-lo até a morte. Mas, ao mesmo tempo, uma voz interior nos sussura: "Não o leve muito a sério. Mantenha-o firmemente, abandone-o sem constrangimento." Peter Brook

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

No toca-fitas...

Em busca por uma sonoplastia coerente com o que estamos tentanto vislumbrar para "Aniversário de Casamento" (para se ver como é difícil, quantas voltas se dá para encontrar uma forma...), uma música tem me perseguido, nem sei se ela estará ainda povoando minha alma daqui para o pseudo-final da montagem, muito menos se ela estará no espetáculo, mas, hoje, ela completa tudo... Talvez um misto de Gyl (que redescobriu The Beatles) e uma dose do personagem, ainda prematuro. A minha versão, porém, é na voz de Caetano Veloso em um CD que traz versões de músicas dos Beatles na voz de brasileiros (MPBeatles).

The Beatles - For No One
Lennon/McCartney

Your day breaks, your mind aches,
You find that all her words of kindness linger on,
When she no longer needs you.
She wakes up, she makes up,
She takes her time and doesn't feel she has to hurry,
She no longer needs you.
And in her eyes you see nothing,
No sign of love behind the tears cried for no one,
A love that should have lasted years.
You want her, you need her,
And yet you don't believe her,
When she says her love is dead,
You think she needs you.
And in her eyes you see nothing,
No sign of love behind the tears cried for no one,
A love that should have lasted years.
You stay home, she goes out,
She says that long ago she knew someone but now,
He's gone, she doesn't need him.
Your day breaks, your mind aches,
There will be times when all the things she said will
fill your head,
You won't forget her.
And in her eyes you see nothing,
No sign of love behind the tears cried for no one,
A love that should have lasted years.

For No One (tradução) Por ninguém
Seu dia nasce, sua mente dói,
Você descobre que todas as coisas gentis que ela
disse,
Não fazem mais sentido.
Ela acorda, e se maquia
Ela não tem pressa,
Ela não precisa mais de você.
E nos olhos dela você não vê nada,
Nenhum sinal de amor atrás das lágrimas choradas por
ninguém,
Um amor que devia ter durado anos.
Você a quer, você precisa dela,
No entanto você já não acredita nela
Quando ela diz que seu amor já morreu,
Você pensa que ela precisa de você.
E nos olhos dela você não vê nada,
Nenhum sinal de amor atrás das lágrimas choradas por
ninguém,
Um amor que devia ter durado anos.
Você fica em casa, ela sai,
Diz que a muito tempo conheceu alguém mas agora
Ele se foi e ela não precisa dele.
Seu dia nasce, sua mente dói,
Haverá um dia em que todas as coisas que ela disse
encherão a sua cabeça,
Você não conseguirá esquecê-la.
E nos olhos dela você não vê nada,
Nenhum sinal de amor atrás das lágrimas choradas por
ninguém,
Um amor que devia ter durado anos.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

A SEMENTE

“Meu desafio como autor foi sempre o de retratar este povo, procurando identificar a consciência do que ele representa como povo. Eu sempre procurei falar sobre o povo, mas não com um realismo terrível. Eu quero é ressaltar o lado extremamente positivo e de superação das dificuldades, esta inclinação que o popular possui.”
Gianfrancesco Guarnieri

Após três anos de convívio na árdua e prazerosa tarefa de pensar e realizar arte, a turma de conclusão 2007.1 do Curso Superior de Tecnologia em Artes Cênicas do CEFET-CE apresenta “A semente”, adaptação da obra homônima de Gianfrancesco Guarnieri.

Em meio à máquina capitalista que constrói, move, remove e destrói o mundo, o destino da massa anônima e esmagada e a luta que por ela se trava é mostrada. O espetáculo, através de uma visão crítica sobre fatos pretéritos e contemporâneos e buscando vislumbrar o futuro, trata do conflito grego entre as exigências da polis e as necessidades individuais, questão em voga nos nossos dias por meio do clamor de uma desgastada sociedade que se inquieta, mas que, dificilmente, une-se em torno de suas problemáticas.

Por toda sua conotação, "A semente” apresenta-se, para nós, como um momento de consciência, comprometimento, doação e contribuição ao teatro e ao público de nossa alma e pensamento artístico-cidadão.

P.S. Estamos todos nós, do 3x4, e mais 13 amigos nessa empreitada!

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Gozo

Hoje pensando mais uma vez no "Aniversário de casamento" escrevi um trecho mais relativo a sexo, ao contrário do de ontem que tem mais a ver com o amor em sua essência e a anulação que muitas pessoas se submetem por conta do outro, da entrega total e anônima.
Tua boca minha. Uma ebulição em meu corpo; turbilhão de vapores em meio a teu colo e minhas pernas. Teu cheiro impregna, é música olfativa. Varemos, então, a noite toda, sem propósito algum, já nos bastamos. Sacio minha sede em teu suor. Como é doce... Loucura desmedida. Nossas vestes já se foram pela janela, junto aos pássaros do teu abrir, e logo fiz meu ninho. A tua seara fértil habitei ao mesmo instante em que tu cravou tuas garras em meu dorso. Gozo.
Gyl Giffony

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Um novo passo... "Aniversário de casamento"

Estamos, em passos lentos, devido ao processo de montagem de nosso espetáculo de conclusão do CEFET-CE "A semente", dando início a um antigo e novo processo, fomos agraciados ano passado na categoria de montagem no Edital das Artes da FUNCET com o texto "Aniversário de casamento", de Sérgio Abritta, estarão no elenco eu e Jacqueline, e Silvero assinará a direção. Foi esse texto que deu origem ao grupo, "As vivas cores da ilusão", uma adaptação do texto do Abritta, (esquete/2006) inicialmente era pra ser montada por Silvero e Jacque, Sil não pode fazer, e eu acabei entrando no elenco e ele dirigindo. Por isso, o espetáculo tem todo um gosto especial, seria o nosso primeiro passo, mas, primeiro, veio "As rosas"...
Começar um processo é sempre uma incógnita, e é incrível como nossa visão acerca da montagem, do texto, do conteúdo e forma vão se modificando, modificando, em questão de minutos... Tenho experimentado isso nas poucas experiências que tive até aqui. É um espetáculo visto, um filme assistido, um novo livro lido, o comentário de um colega, outras experiências... A eterna morte da forma, a eterna efemeridade do teatro e do pensamento que o cerca, a busca incessante e aberta de nossas cabeças. Só Deus sabe em que tudo isso irá resultar! E é o que mais me atrai no teatro a sua possibilidade de reinvenção... De uma vontade faz-se um todo múltiplo! Gosto de teatros, e não de teatro!
Hoje pela manhã, numa aula no Direito, com muito sono, comecei a escrever algo, sem saber no que ia dar, depois de feito, percebi que é fruto das leituras de Clarice Lispector e Caio Fernando Abreu, de uma conversa acerca da estética (encenação e pensamento) de "Aniversário de casamento" que tive com Silvero ontem e de um espetáculo fantástico que assisti no domingo (Irremediável, do Grupo Engenharia Cênica de Sobral-CE). Aí vai...
Eu quero é permanecer no sono! Inconsciente, letárgico, dormente... Ah, como você me dói; é uma ferida profunda n'alma, você não estanca... Hemorragia eterna! Já... Já procurei cura pro meu sofrer, vasculhei tempo, livros, pedras, espaços, diários, campos, cabelos, galáxias, mas nada, nada, só uma via existe... E é pena... Viagem sem volta essa minha; tantas estradas, muitas curvas nos caminhos do mundo, mas só uma consola... Fique tranqüila! Não há por que se assustar. Já travei minhas porteiras, os cavalos estão presos. Calma! Eles podem ser domados... Será que existem mesmo entradas e saídas? Sim! Pois, nós, um dia, saimos, entramos, pulamos, corremos muito sem cansar. Foi você que me levou... o meu querer já não é meu; eu? Eu já não sou mais eu.

Gyl Giffony

sábado, 11 de agosto de 2007

Entre damas e rosas: o teatro

Uma flor da noite.
Uma rosa em estufa.
A audácia de uma/A clausura da outra,

mas a roda-vida que massacra é a mesma para as duas.
Uma, é, e não é.
A outra, quer ser.
São puros simulacros.
E quem não é...
meio Dolce Almodóvar, meio Laura.
A rua...
O lar...
Relações opressoras.
Máscara social.
O meio realiza o produto,
e o desfaz, se preciso for,
porém,
onde existe vida, há um grito,
mesmo preso, há.
E o teatro ainda é o lugar do sucumbir...
espaço para ser, estar, pensar...

Gyl Giffony

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Confissões entre paredes

Hoje, sexta-feira (3/08), nosso esquete "Confissões entre paredes" será apresentado no Festival Bilu & Bila no Teatro SESC Emiliano Queiroz. O Festival começa às 7 horas, nosso esquete será a quarta a ser apresentada. Ingressos: R$ 2,00 (inteira)/ R$ 1,00 (meia).

domingo, 22 de julho de 2007

Última semana de julho de 2007...

Nesta semana, a capital cearense terá dois eventos de teatro importantes para a cidade, e nós estaremos dentro da programação dos dois: o V Festival de Teatro de Fortaleza, acontece dos dias 20 de julho a 4 de agosto, e a I Mostra de Monólogos Cearenses do CCBNB, de 25 a 28 de julho.
V Festival de Teatro de Fortaleza - "As vivas cores da ilusão" (esquete), com Gyl Giffony e Jacqueline Peixoto. Direção de Silvero Pereira. Na Mostra Paralela - Lona Livre - Praça José de Alencar, dia 23 de julho às 17:15.
I Mostra de Monólogos Cearenses - "As rosas", solo de Jacqueline Peixoto. Direção de Silvero Pereira. Duração: 40 min. Dias: 25 (15:00), 26 (12:00), 27 (18:30), 28 (17:00) de julho no Centro Cultural Banco do Nordeste (Rua Floriano Peixoto, 941 – Centro).

terça-feira, 10 de julho de 2007

Uma flor de Dama e As Rosas no TJA




Projeto Abracadabra - Sempre às 18:30 no Palco Principal do Theatro José de Alencar

Dia 11 (quarta-feira): Uma flor de dama, solo de Silvero Pereira
Dia 12 (quinta-feira): As rosas, solo de Jacqueline Peixoto

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Por ocasião do Pausa Dramática...

É com muita satisfação que participaremos do Projeto Pausa Dramática deste mês, dada a importância do projeto para a formação de público, e, sobretudo, para a construção de estudo e pensamento sobre teatro em nosso Estado, porém, não podemos deixar de ressaltar que realizar Nelson Rodrigues tem sido para nós uma experiência única, observada a admiração que nutrimos por ele e a imensidão de signos que sua obra sugere.
Acreditamos que ao se arriscarem à cena, a maioria dos artistas cênicos quase sempre em seus primeiros momentos, se apaixonam por Nelson, porque ele próprio e os pensamentos e atitudes de seus personagens são tão livres das amarras sociais quanto nós, artistas, e também, ele é um dos grandes! Por isso, é tão difícil desalinhar o autor e a obra, pois também esta é fruto amargo (porque provém de experiências dolorosas, como a morte do irmão Roberto e do pai) e doce (dada a magnitude que seus escritos alcançaram) da vida do flor de obsessão. A obra rodriguiana nos fascina a medida que a conhecemos e vemos as infinitas possibilidades de sua leitura. Por ser tão latente, tão universal, por falar de desejos inconfessos, escondidos pela máscara social ela nos leva ao inconsciente, agride e incomoda. Quem nunca traiu? Quem nunca desejou ou sentiu vontade de ser desejado? Nelson é santo e canalha, expurga nossos pecados, realiza-os na cena de forma expressionista e natural.
Eis outro ponto relevante na obra rodriguiana e que é base de nossa pesquisa sobre o autor, principalmente nos contos de "A vida como ela é..." e nas tragédias cariocas, como Os sete gatinhos, Bonitinha, mas ordinária, Toda Nudez Será Castigada (vale ressaltar aqui a montagem imperdível da Cia. Armazém, que estará nos dias 21, 22 e 23 de junho no TJA), entre outros, observamos uma hibridação entre naturalismo/realismo e expressionismo. Em Nelson, a naturalidade dá-se através de um diálogo enxuto, direto da palavra suada de rua, cotidiana, que favorece uma dicção natural, já o expressionismo está presente nos desejos transfigurados na fisicidade, já que para o autor ninguém ama impunemente, todos nós trazemos em nosso próprio corpo as conseqüências de nossos desejos.
Dia dezenove de junho às dezenove horas no Auditório do Centro Cultural Dragão do Mar, nós juntamente ao público estaremos em busca da atmosfera de fervor que cerca os textos rodriguianos; e que ele, o anjo pornográfico, nos abençoe nesse ato de entrega que é o teatro.
GRUPO 3x4 DE TEATRO

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Nelson Rodrigues: o homem e a obra *



“Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico.” (Nelson Rodrigues)

Nelson Rodrigues tinha a capacidade de mergulhar nas profundezas sombrias e trazê-las a tona de forma brutal num estilo quase que sarcástico como apenas uma pessoa com um forte poder de julgamento e crítica poderia. O retrato cru dessa natureza instintiva do homem que toca o absurdo, ganha um tom irônico, crítico, característico de sua arte quando trazido para o quotidiano mais banal.
A pessoa e a arte de Nelson Rodrigues sempre provocaram estranhamento. Segundo consta em sua biografia, quando menino já possuia certo ar melancólico de afastamento da realidade. Ao contrário dos irmãos, era avesso aos esportes, sua paixão pelo futebol era apenas de espectador, não se animava a ir à praia e precisava ser subornado para que participasse de brincadeiras na garagem.
“Uma atmosfera de fog envolvia Nelson à medida que ele entrava na adolescência. Estava ficando depressivo, como costumam ficar os meninos nessa idade — só que, nele, essa depressão era dramática, de tango, porque ele só faltava subir num caixote para proclamá-la. Vivia suspirando pelos cantos e, às vezes, soltava uma exclamação que certamente lera nos livros, mas que ninguém sabia se era sério ou não: ‘Eu sou um triste!’ — uma frase que, aliás, continuaria repetindo pela vida afora”. (Castro, 1992: 40).
Nelson Rodrigues, através de sua obra vai travar uma luta contra a moral sombria, dogmática e repressora de sua época, que através de costumes e reações hipócritas tenta esconder uma sexualidade cada vez mais deixada à sombra: a sexualidade perversa, aspecto da personalidade totalmente submerso no inconsciente e em suas bases instintivas.
Segundo sua biografia, Nelson teria presenciado o assassinato do irmão, episódio extremamente traumático em sua vida. O fato teria ocorrido quando este tinha 17 anos na redação de jornal do seu pai onde Nelson trabalhava. A causa da morte seria uma matéria que havia saído no dia anterior revelando o adultério por parte da esposa de um casal de alta sociedade. Eis que então, essa senhora vai até o jornal com o intuito de se vingar do pai de Nelson e não o encontrando, dispara um tiro contra o irmão. Dois meses mais tarde, o pai morre profundamente deprimido pelo assassinato do filho em seu lugar, de derrame cerebral. E nesse drama novelesco vemos novamente a questão da hipocrisia social que parece impulsionar o autor no seu trabalho de despir seus personagens até de suas personas, até as raízes sombrias e arquetípicas.
Mas, o conflito com o pensamento coletivo moralista é também interno, pois, enquanto homem de sua época, Nelson era uma personalidade marcada por grandes contradições, um conservador que ao mesmo tempo proclamava a liberdade.

“Sou um homem que cultiva velhos sentimentos de culpa. Lembro-me de coisas que fiz aos sete, oito anos. Não tenho ilusões. O canalha é uma dimensão que existe em mim ou em qualquer um. Eis que, nas minhas insônias, me pergunto: -‘O que é que eu fiz?’.” (Castro, org., 1997:48).
Os vários relacionamentos extra-conjugais mantidos ao longo da vida paralelos à um casamento indissolúvel com uma mulher bastante idealizada revela um drama comum do homem cristão que dividido, não consegue integrar os aspectos telúricos e espirituais de sua anima.
Os aspectos telúricos, ligados ao corpo, aparecem contaminados pela sombra, o que se revela nos componentes histéricos presentes em quase todos os personagens femininos de Nelson. A imagem da mulher ainda bastante presa à imagem materna gera uma cisão em que pureza e sexualidade se antagonizam. Em Álbum de Família o personagem Guilherme, referindo-se a mãe, diz que esta não poderia tomar conta da sua irmã pois “é uma mulher casada, conhece o amor — não é pura.” A irmã, no caso aparece como um duplo virginal da mãe.
Nas palavras de Nelson:
“Só não estamos de quatro, urrando no bosque, porque o sentimento de culpa nos salva.” (Castro, org., 1997:48).
Rui Castro que escreveu uma biografia sobre o autor relata algumas manifestações do insconsciente em Nelson: “…seus apelos à sensibilidade ficaram tão agudos que começou a enxergar miragens. Em ‘O elogio do silêncio’, de 23 de fevereiro, Nelson viu ‘flores que se transformam em lindos seios de mulher, seios que acabam como botões de rosa’. Em ‘A felicidade’, de 8 de março, comparou a lua a ‘uma prostituta velha que ainda se julga apetecível para rapazes que zombam dela’. E em ‘Palavras ao mar’, de 22 de março, descreveu ondas que ‘depois de altanarem num arremesso formidável, caem ruidosamente no torvelinho branco de espumas, parecendo um bando de mulheres se contorcendo em convulsões de amor’.” (1992: 65)
A estreita relação com o inconsciente conduziu o autor para além da dimensão pessoal e por tocar em questões coletivas seu teatro chocava, incomodava, gerava polêmica. É no seu trabalho como dramaturgo que Nelson Rodrigues vai transcender a oposição e conflito. Através de seu dom hermeneutico de escritor, que lhe permite comunicar o que se passa nos subterrâneos da psique, ele consegue unir profano e sagrado. “Mais importante são os ovários da alma. Os verdadeiros órgãos sexuais estão na alma!” (Castro, org., 1997:12)

(* Texto extraído, com algumas modificações, do artigo "Nelson Rodrigues e o teatro do desagradável: um olhar simbólico sobre a vida e a obra do autor", de Cristiana Boavista)

Nelson Rodrigues e Grupo 3x4 no Pausa Dramática de junho

Pausa Dramática
O projeto revela ao público a carpintaria do pensamento dramatúrgico através de leituras dramáticas de peças teatrais que acontecem no Auditório do Dragão do Mar. A cada mês, é eleito um tema ou autor que tenha feito história nos palcos do Brasil e do mundo, seguido de discussão com intelectuais especialistas no assunto.

Tema do mês: Nelson Rodrigues
Considerado um grande autor teatral, Nelson Rodrigues é também cronista memorialista e romancista. Sua obra insiste em desbravar regiões ocultas e desconcertantes da alma humana. Faleceu em 1980, mas seus textos continuam a provocar o público.

Dia 19 de junho
Adaptações de contos da obra "A vida como ela é..." com o Grupo 3X4 de Teatro.
Em seguida conversa com o diretor teatral Thiago Arrais.

Dia 20 de junho
Adaptações de Valsa Nº 6 e Toda Nudez Será Castigada com o Grupo Cabauêba.
Em seguida conversa com a diretora teatral Herê Aquino.

Às 19 horas, no Auditório do Dragão do Mar. Grátis. Censura: 16 anos.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

"As Rosas" no Festival de Monólogos


II FESTIVAL DE MONÓLOGOS TEATRO E DANÇA: SOLOS BRASILEIROS - MOSTRA COMPETITIVA (por ordem Alfabética):


·A Casa das Mulheres da Lua – Maracanaú / CE;

·A Conferência – Brasília / DF;

·Anônimos – Fortaleza / CE;

·As Rosas – Fortaleza / CE;

·Casa de Ferro – Salvador / BA;

·Da História de São Francisco Segundo Dona Cremilda – Fortaleza / CE;

·Frei Molambo Ora Pro Nobis – Crato / CE;

·Il Primo Mirácolo - Porto Alegre / RS;

·Guarda-roupa – Aracati / CE;

·Humor - Paliativo das Minhas Coronárias – Fortaleza / CE;

·In Versão de Valores – Fortaleza / CE;

·Magnólia – Quem é Você de Verdade? – Jaboatão dos Guararapes – PE;

·Magno_Pirol – Fortaleza / CE;

·O Estranho e o Cavaleiro – Vitória / ES;

·Umbandangandãns – Fortaleza / CE.

As vivas cores da ilusão

Apresentação dentro das comemorações do Mês do Teatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura

quarta-feira, 2 de maio de 2007

O Grupo

O Grupo 3x4 de Teatro foi criado a partir da união de jovens artistas no ânimo de pesquisar e apreender os elementos constituintes da teatralidade naturalista e a transposição e transubstanciação do cinema para o teatro, visando a conquista e apropriação consciente de uma linguagem própria e autônoma.

Formado por Gyl Giffony, Jacqueline Peixoto, Mikaelly Damasceno e Silvero Pereira, todos alunos concludentes do Curso Superior de Tecnologia em Artes Cênicas do Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará (CEFET-CE), o presente coletivo artístico teve início em janeiro de 2006 com a montagem do esquete “As vivas cores da ilusão”, direção de Silvero Pereira, e vem fomentando e consolidando sua pesquisa que engloba, o denominado por nós, teatro fotográfico (elementos estruturais do cinema dentro da cena teatral), a inserção do naturalismo na hibridação de linguagens da contemporaneidade e o estudo de um corpo cênico e interpretação próximas ao cotidiano.

Atualmente, o Grupo, além de desenvolver sua pesquisa e treinamento, encontra-se em processo de montagem do solo “As rosas” (espetáculo apresentado em formato de esquete no FESFORT 2007 e selecionado para o II Festival de Monólogos da Palmas Produções), livremente inspirado no conto “A imitação da rosa”, de Clarice Lispector, tendo como intérprete Jacqueline Peixoto e diretor Silvero Pereira. Fomos agraciados também ainda este ano com o I Edital das Artes da FUNCET na categoria montagem por "Aniversário de casamento", texto do mineiro Sérgio Abritta, com estréia prevista para fevereiro de 2008.

Propomos, por fim, uma busca contínua de inúmeras possibilidades para a cena, através de um trabalho pautado na concepção estética (abrangendo aqui encenação e pensamento), na consciência do corpo como meio maior de expressão do artista cênico e num estudo e processo que possibilite a todos os componentes o acesso à informação e formação sempre úteis a qualquer profissional.